Contam os mais antigos da aldeia de Fornelos, Santa Marta de Penaguião, que uma mulher, tendo saído de casa, altas horas da noite, à procura de lume para acender a lareira, encontrou uma estranha e silenciosa procissão de velas à volta do adro da igreja. Como precisava de lume, foi pedi-lo a um dos que a incorporavam, o qual lhe colocou nas mãos a sua vela acesa.
A mulher foi para casa, acendeu o lume e, depois de apagar a vela, guardou-a numa caixa debaixo do escano. No dia seguinte, ao abrir a caixa, o que lá encontrou não foi a vela, mas sim uma perna. Nada mais nada menos que a perna de uma pessoa. Muito aflita, foi ter com o padre e contou-lhe o sucedido. O padre, depois de muito meditar, disse-lhe:
− Vai para casa e guarda essa perna contigo. Dentro de uma semana, esperas pela noite e vais à mesma hora ao adro da igreja entregá-la àquele que vires a coxear na procissão.
A mulher assim fez. O vulto que coxeava recebeu a perna, em silêncio, e colocou-a no seu lugar. Depois, já sem coxear, voltou para a procissão e desapareceu.
Diz o povo que nessa procissão andavam as almas penadas da aldeia a cumprir a sua passagem pelo Purgatório.
_______________APL 2186 - Ref.ª [1]
Source: PARAFITA, Alexandre, O Maravilhoso Popular - Lendas, contos, mitos, Lisbon, Plátano Editora, 2000, p.64
Place of collection: Fornelos, Santa Marta de Penaguião, Vila Real
Narrative
When: 20 Century, 90s
in https://www.lendarium.org/pt/apl/procissao-das-almas/a-perna-da-alma-penada [r.26.12.2020] [1]
[1] Arquivo Português de Lendas (APL), base de dados do CEAO - Centro de Estudos Ataíde de Oliveira, da Universidade do Algarve (PTDC/ELT/65673/2006), em www.lendarium.org
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LENDAS DE TERRAS DE PENAGUIÃO
[de subtus monte Pena Guian]
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PENAGUIÃO
Eduardo José Monteiro deQueiroz
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